sexta-feira, 30 de maio de 2014

a natureza de absorver


Pássara






uma canção
antes da manhã
é tudo que
eu precisava.
vivo para lembrar
do amanhã












'O inferno dos vivos não é algo que será; se existe, é aquele que já está aqui, o inferno no qual vivemos todos os dias, que formamos estando juntos. Existem duas maneiras de não sofrer. A primeira é fácil para a maioria das pessoas: aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar de percebê-lo. A segunda é arriscada e exige atenção e aprendizagem contínuas: tentar saber reconhecer quem e o que, no meio do inferno, não é inferno, e preservá-lo, e abrir espaço.'

(Italo Calvino, Cidades Invisíveis)

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Destino com os traços insanos






está tudo certo, é desnecessário explicar qualquer coisa que o valha na tentativa de confirmar se está tudo certo.   eu não vou falar mais sobre ir embora nem conjecturar planos de sumiços. nem voos. nem nada além do que está nesse script.  mas, você dança sempre assim nesse mesmo sentido? sempre assim me transpassando? sempre assim vindo pra dentro de mim e transformando toda essa feiura do meu-eu-de-dentro? abro espaço para que dances  em mim.  pra que, no meu corpo, faças novidade, piruetas, novos passos de bailado, porque de repente, sempre que você aparece, tudo em mim é fantasia. eu viro canção, você vira instrutor, eu ressuscito de mim todos os dias e assim fazemos folia....



domingo, 25 de maio de 2014

E, no entanto, a pele é lugar de tantas alegrias....












quando voar sem ter asas, quiça seja céu
[quem sabe seja meu]
mas, sendo céu, não mais meu seja
quando pensar que pode ser céu
[apenas quem voar longe almeja]
mas, talvez, para ser seu céu, é preciso saber pra onde voar
só se  quiser saber quanto voo cabe dentro de si de uma só vez
talvez



sexta-feira, 23 de maio de 2014

a variedade necessária














vibro quando me tocam  teus acordes. despertando  a minha sinfonia preferida. e me acalentas com notas musicais , suave como os sonhos mais puros  que despertam depois do depois...











terça-feira, 20 de maio de 2014

longe do centro dos acontecimentos....












porque teu bem querer é assim tão doce,
merece pássaro que o provoque e suspenda,
que nele fique suspenso, feito poema,
que por ele voe imenso
sobre os telhados.
porque meu bem querer-te é assim tão vivo,
merece voo que o comemore,
leveza que o dignifique,
canto que o perdure.








segunda-feira, 19 de maio de 2014

o que o tempo tem por dentro?











Vivemos num mundo tão simples e ao mesmo tempo tão complexo,  que faz ter importância a fantasia de um breve momento. Tenho uma vida normal, verdadeira, e no entanto [e por isso] tenho (as)pirações. Em devaneios consigo às vezes chegar tão longe como os deuses. Não me acho anormal. Alguns elevam-se com a arte, outros com a religião; a maioria com o amor.... Mas já senti na pele que  quando subimos também podemos despencar  [há poucas aterragens suaves]. Podemos dar saltos pelo chão, com uma força capaz de partir pernas, arrastados para uma qualquer via desconhecida.... Sempre ouço que todas as histórias de amor são potenciais histórias de dor. Se não no princípio, depois. Se não para um, para o outro. Às vezes para ambos. E mesmo concordando penso por que aspiramos continuamente a amar?  Talvez porque a alma precisa de um refúgio e (re)conhecer a mão que a afaga, mesmo que não a possa ver.  Talvez porque o amor é o ponto onde se encontram  a verdade e a magia....










sábado, 17 de maio de 2014

Na pele a palavra escorre




Depois de fundir-se o espaço e amanhecer um novo dia, descubro em meio a um suspiro que a saudade pode ser afrodisíaca, quando a falta que sentimos de alguém se transforma em desejo ardente. Ela pode ser mimada, meia manhosa, quase infantil mas se justifica pela vontade incontrolável de estar junto, trocar impressões, emoções, tocar o intangível, dizer o indizível, sem palavras, com o olhar ou um silêncio presente. Enfim, acreditar que pela mão do destino eles acabam se encontrando.







[entao....os desejos se erguerão
na morada terrena
por toda tua extensão....]





quinta-feira, 15 de maio de 2014

depois tão semelhantes se tornaram




da tua imaginação
onde me despes
lentamente
onde beijas de olhos abertos
o desenho dos meus
contornos
onde engoles
o gemido
das palavras feitas das
minhas  cores e linhas
da tua janela
recriamos o amor
dos corpos reconhecidos









segunda-feira, 12 de maio de 2014

a tecer fios de segredos








a noite é curta, eu sei
e meu olhar alcança
mais que as estrelas
teu desejo tem corpo e alma
ritmados
deixa na pele o gosto de manhãs
adormecidas
de um tempo ancestral
que imobiliza
fere e transborda
temporal

na pele um segredo




domingo, 11 de maio de 2014

acalanto manso






   


...por mais que o tempo passe
e as estações se
 movam,
ainda será 
'mãe'
minha estrela.








  [....ela dizia quando me percebia triste que 
a batata crua, cortada, 
 pode ser esfregada nos olhos
 para amenizar inchaços e olheira.
 E acrescentava: 
fique calma, a dele tá assando!! 
Ela conseguia me fazer rir.]


saudades Mãe....tantas!

sábado, 10 de maio de 2014

esvoaçam as memórias


Foto: Quero-te para além das coisas justas
e dos dias cheios de grandeza.
O meu sol vem de dentro do teu corpo,
a tua voz respira a minha voz.
De quem são os ídolos, as culpas, as vírgulas
dos beijos? Discuto esta noite
apenas o pudor de preferir-te
entre as coisas vivas.

Joaquim Pessoa





(..)encosto a mão à mudez da boca, fecho os olhos  e os poemas adormeceram no desassossego da idade. gosto do deserto, e do acaso da vida. gosto dos enganos, da sorte e dos encontros inesperados. escrevo o que ainda não conheço nomes de ruas, pássaros, árvores.  monólogos de quem ainda te fala alto. é a minha voz ou a tua? lá fora a chuva confunde-se com gestos. falamos do tempo, ponte entre o silêncio e o nada.

ouve, quando não fores capaz de falar, toca-me.





quinta-feira, 8 de maio de 2014

uma trilha de levezas






pelo cio dessa idade
 pelos poros da cidade
 pela ociosidade
 pelada cidade
 vaidade
 desvaída
   desvairada
              doce idade de ser





quarta-feira, 7 de maio de 2014

paraíso oculto atrás de mil portas....








Eu ouvi numa canção country  que o tempo não será sempre igual vai de galope e fuga sobre a miragem do que fomos e do que somos frágeis.  Pensei que quando vejo o céu, vejo tanta coisa, tantas mudanças ligeiras.... libélulas que parecem de brinquedo e pássaros ritmados. Neles inscrevo meu ideal de mulher/nuvem e me transporto para a fronteira do dia, até que escurece e não vejo mais nada. Uma vez li um livro de Virginia Woolf (que não recordo o nome)  em que os personagens desenhavam nas nuvens. Nisto consistia seu pacto de cumplicidade e poesia...As Ondas talvez...Se todas as pessoas fizessem pactos assim, a vida teria um colorido extra,um psicodelismo afetivo, o ácido da reunião do espírito...  Porque assim invertidos, os pensamentos descem e assentam na mente, como a poeira das nossas emoções. Confesso que se existe uma coisa que me descola da Terra são as nuvens. Porque elas são como os sonhos. Nelas as cenas nascem e morrem numa fração de segundos e não voltam, meu amor, não voltam....




segunda-feira, 5 de maio de 2014

a vagarosa alegria repartida








tudo o que vês chega de longe . trago nos olhos encontros futuros de imagens perdidas nos tempos de mim. trago abraços encontrados em eras esquecidas. trago sorrisos sepultado nas palavras, esperanças desvirginadas do que restou. os olhos não sabem, ainda, que a visão profunda  os dispensa pelo fulgor do estio, pelo azul do
claro dia...

domingo, 4 de maio de 2014

enluarados





       Descontração. Noite. Música.Suor(combinação perigosíssima) Os cabelos dançavam sobre a nuca. Ele, com as mãos em sua cintura e colando-se levemente aos quadris que se movimentavam docemente.Levemente embriagados. O suficiente para que sentissem que nada mais era importante. O suficiente para cometerem a loucura que há tanto tempo haviam evitado....


quinta-feira, 1 de maio de 2014

transfusões de desejos











os dias nascem
sem fazer muito caso,
sem fazer as contas.

vendo por este ângulo
não há ponto de fuga.

vem ver o que acontece
quando a
 VONTADE
é a guia...